terça-feira, 11 de março de 2014

Não repita os mesmos erros: use a técnica de Lições Aprendidas no Triathlon


Uma boa prática aplicada a qualquer tipo de projetos pode ser aproveitada também para melhorar seu desempenho em provas de Triathlon: as Lições Aprendidas. 
Essa técnica, aplicada no término do projeto, é uma espécie de retrospectiva que tem como objetivo identificar o que funcionou perfeitamente e tudo o que deu errado.  Como no Triathlon cada competição é muito similar às anteriores, utilizar esse recurso traz grandes benefícios.
E qual a intenção de tudo isto? Quando formos planejar e executar um projeto similar, será possível consultar (reler) essas anotações, procurando repetir o que deu certo e evitar o que deu errado
Simples e óbvio, porém quase ninguém faz. A maioria de nós confia na memória, mas, como nem sempre ela lembra de tudo, voltamos a errar, repetindo questões pequenas e que fazem uma incrível diferença nos resultados – para pior.
Antes de começar os seus registros, pense: se pudéssemos voltar no tempo e começar tudo de novo, o que você faria diferente? A ideia é registrar de uma forma simples, objetiva e de fácil acesso.  Veja o modelo que utilizo estruturado em 3 partes:

CONTEXTO:

Prova de Sprint Triathlon com distâncias de 750m de natação, 20km de bike e 5km de corrida. Uma prova tradicional de SC, sempre com muitos inscritos!
Cidade: Garopaba/SC      Dia: 09/03/2014     Largada: 08h30 da manhã
Condições do tempo: Céu azul, temperatura agradável, mar liso
Características do mar: Similar à piscina
Características do circuito de bike: 6 voltas, curvas, retomadas de velocidade e subidas leves.

Foto: Rita de Cássia Machado

DEU CERTO :-)

  • Inscrição via site da FETRISC com boleto funcionou 100%.
  • Hospedar-se um dia antes no mesmo hotel onde é realizado o seminário técnico, dividindo o quarto com mais 2 colegas (economia) permite acordar mais descansado e evita cansaço e possível stress de viagem no mesmo dia.
  • Na areia, antes da largada, mentalizar toda a prova (sair da água, acionar o botão 'lap' do garmin, correr tirando a touca e óculos, largar touca óculos na transição, colocar óculos de sol, capacete, sair da transição, acionar botão 'lap' do garmin...) ajudou novamente a manter concentração e o foco no meio da prova.
  • Minutos antes da prova, nadar um pouco para aquecer e verificar a bancada de areia (extensa ou não - para golfinhar) foi fundamental.
  • Deixar elástico dos óculos embaixo da touca de natação já vestida na cabeça evitando possível perda durante a prova em virtude de uma ‘braçada’ de outro atleta.
  • Ao sair na 'terceira fila', na lateral da galera, mais alinhado a boia, peguei menos tráfego dentro d'água. 
  • Nadar em ritmo constante em toda a prova fez com que eu saísse menos cansado. Nas provas anteriores, o trecho até a primeira boia eu nadava extremamente no limite e depois não conseguia manter o ritmo.
  • Com a natação bi-lateral, saí menos cansado da água.
  • Saindo da água com ela pela cintura, iniciei as golfinhadas até o raso (até ficar com água nas canelas), desta forma passei 3 atletas.
  • Não usei gel durante a bike e corrida e não senti falta.
  • Sistema de contagem do número de voltas durante a pedalada com fitas crepe presas no quadro foi muito bom novamente. Foram 6 voltas de bike!
  • No percurso de bike, antes das curvas de retornos e muito próximo a alguém, ultrapassar o atleta ou dar distância para evitar 'boliche' caso o atleta da frente caia. Aconteceu 1 tombo atrás de mim com efeito boliche pra quem vinha atrás.
  • Correr esta distância curta (sprint) sem a viseira não atrapalhou em nada. Uma coisa a menos para se preocupar em pegar e colocar durante a transição.
  • Ao completar a linha de chegada, sempre dá tempo de ir para o hotel, tomar um banho e fazer check-out, garantindo mais conforto antes do início da premiação. 

NÃO DEU CERTO :-(

  • Mini iPod com músicas para ouvir momentos antes da prova estava com a bateria descarregada.
  • Imã que fica preso na roda para acionar medidor de velocidade ficou na outra roda de treino indoor. Ação: Incluir esta conferência na EAP/checklist da próxima prova.
  • Medidor de cadência não funcionou durante a pedalada. Ação: Fazer testes de ajustes em casa.
  • Roda da bike desalinhou e tive que parar três vezes. Ação: levar a bike na loja de manutenção.
  • Câimbras no abdômen, durante a corrida, foram superadas com as técnicas de respiração do yoga. Ação: comentar com o treinador após a prova.
-- fim --

Onde guardo isto? Em uma pasta de meu notebook intitulada ‘Lições aprendidas’. Que programa utilizo? O mais simples e rápido! O velho amigo Bloco de Notas! 

Note que temos duas grandes fontes de lições aprendidas: 
  1. As próprias experiências vividas; e 
  2. As de nosso treinador e de colegas mais experientes.

Essas últimas são verdadeiras enciclopédias vivas de lições aprendidas! A dica é sempre escutar atentamente as explicações e orientações a outros atletas, comparecer nos treinos coletivos onde há muita informação rica que nos ajudará em nossa próxima prova. Afinal, eles têm muito mais 'horas de voo', ou no nosso caso, quilômetros percorridos - do que nós. Eu brinco e chamo isso de 'aprender por osmose'. Ficando próximo a eles, aprendemos.

Alguns atletas costumam também relatar suas experiências pós prova em blogs pessoais que também são uma ótima fonte de Lições Aprendidas. Com tempo, visite estes 2 de meus amigos de treino e competição:


Blog "Correr pra Crer", de Diego Bandeira

Blog "Relatos de Resistência", de Rafael Pina

Você deve estar se perguntando: quando devo fazer a leitura de lições aprendidas que já registrei? A resposta é: no momento em que for iniciar o plano de sua próxima prova :)
Resumindo, a dica é: não confie tanto assim em sua memória e usufrua desta técnica, aumentando a probabilidade de maior sucesso em seus resultados.

Gostou do assunto? Ouça o podcast de 5 minutos do meu amigo Ricardo Vargas, hoje umas das maiores referências em Gestão de Projetos no Brasil e no mundo, em que ele trata justamente a respeito de Lições Aprendidas.
Bons treinos!

Dimitri Campana, PMP, CSM, PRINCE2-f
Atleta Amador de Triathlon
Consultor e Instrutor Especialista em Gerenciamento de Projetos


Revisão: Michelle Araújo


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